Este ano programamos uma viagem pelo norte da Argentina e o Atacama. Grupo de 3 motos, minha GS 1250, GS 850 com um casal e Tiger 900, pilotada pela Carol, uma amiga de São Carlos. Combinamos o encontro em Puerto Iguazú. Saí as 5h da manhã de São Paulo, atrasei a viagem em 1 dia devido aos bloqueios das estradas pós eleição. Tive sorte, já estava tudo liberado. A fronteira estava cheia, demora de cerca de 1h para realizar os tramites. Tudo certo, nos encontramos no hotel Marcopolo Suítes, já na RN12 para facilitar a saída. Jantamos no restaurante A Piacere na Av Córdoba, ótima carne. O Hotel era mediano e nos cobraram novamente a diária, apesar de já ter sido paga no site Hotel.com, deu um certo desconforto, mas foi tudo resolvido no final.
Puerto Iguazu – Corrientes (610 km)
Saímos logo cedo para Corrientes, nas margens do Rio Paraná,
nossa primeira parada. O trajeto é direto pela RN 12, atravessando as
províncias de Misiones e Corrientes até a divisa com o Chaco. A estrada é pista
única, porém com vários trechos com 3ª faixa, asfalto muito bom. Fugimos dos
bloqueios no Brasil, mas caímos em um na cidade de Wanda, logo na primeira
hora. Pista totalmente fechada, alguma reinvindicação local. Por dica de um
caminhoneiro da região demos a volta por uma estrada de terra no meio dos
eucaliptos. Um pouco de lama para dar emoção a viagem. Perdemos cerca de uma
hora neste desvio, mas seguimos viagem tranquilamente até Corrientes. Chegamos
no final da tarde, ficamos um Flat. A noite fomos jantar na Av Costanera, com
várias opções de restaurantes.
Corrientes – San Salvador de Jujuy (850 km)
Logo na saída de Corrientes atravessamos a ponte General
Belgrano sobre o Rio Paraná, tem 1700 m de extensão, bem alta com uma bela
vista do rio e arredores. Cuidado com a av Pedro Ferre que dá acesso a ponte,
moto é proibida na pista central e no final tem um posto policial aguardando os
desavisados. Atravessamos toda a província do Chaco direto pela RN16. Uma reta
bem longa, por isso rende bem, um pouco de vento e poeira, mas a temperatura
não passou dos 30ºC, bem razoável para aquela região. A paisagem é uma grande
planície, seca, mas com algumas lavouras de girassóis, bem floridas nesta época
do ano. No final, já na província de Salta a estrada fica mais sinuosa com
alguns trechos de montanha. Chegamos em Jujuy no final da tarde, ficamos no
Hotel Plaza Jujuy na General Guemes, muito bom com ótimo café da manhã. Ficar
em Jujuy é uma boa opção pois fica mais próximo da saída para os Andes.
San Salvador de Jujuy – San Pedro de Atacama (476 km)
Sem dúvida a travessia dos Andes foi o ponto alto desta viagem. Saíndo de Jujuy pegamos a RN 9 e saímos para a RN 52 em Purmamarca até o Paso de Jama e depois da fronteira a Ruta 27 já no Chile. O trajeto é fantástico, curvas e caracoles com paisagens hipnotizantes, paramos várias vezes para apreciar e fotografar. A altitude chega a 4200 m na Argentina, mas no Chile chega a 4850m na maior parte do percurso, passamos pelas Salinas Grandes e outras salinas, montanhas e vulcões. Pegamos um pouco mais de vento forte no final da tarde. Na fronteira foi tranquilo, apesar de burocrático. São várias etapas, na última as malas são revistadas. Chegamos em San Pedro no final da tarde. Ficamos no Jardim Atacama. Passamos o dia seguinte lá, passeio de bike e visita ao Vale dela Luna. Todos nós já havíamos visitado o Atacama em outras ocasiões, a ideia era ficar mais tempo no norte da Argentina.
San Pedro - Tilcara na Quebrada do Humahuaca (440 km)
Fomos de volta pelos Andes, na mesma paisagem encantadora
até a Quebrada do Humahuaca, escolhemos a cidade de Tilcara onde ficamos 2 dias
para conhecer a região. Alugamos uma casinha típica para estes dias. A cidade é
pequena, mas tem ótimos restaurantes. A praça central tem uma feira de
artesanato permanente. Conhecemos a Pucará de Tilcara, uma fortificação
pré-Inca, considerada a Machu Picchu Argentina. Fica numa montanha próxima a
cidade, pode-se ir caminhando. Outra atração é a Garganta del Diablo, é uma boa
caminhada de 4 km desde o centro, mas a paisagem vale a pena.
Tilcara – Salta (175 km)
Para ir a Salta segue pela RN 9 até Jujuy, a partir daí tem
a opção de pegar a RN 34, mais longa mas bem mais rápida, mas se você não tiver
pressa vá pela RN 9 mesmo, são cerca de 90 km, boa parte dele numa serra
panorâmica com a estrada estreita, muitas curvas. Uma viagem bem agradável. Chegando
em Salta pegamos uma grande manifestação na avenida principal que complicou
muito o trânsito. Ficamos 1 dia em Salta, visitamos o Museu de Arqueologia da
Alta Montanha, que exibe as múmias das “Crianças de Llullaillaco”.
Salta – Cafayate (197 km)
O trajeto é pela RN 68, que atravessa a Quebrada de Las
Conchas. Reserve bastante tempo para estes quase 200 km, pois a paisagem é
deslumbrante e merece ser apreciada com calma. Passamos pela Garganta do Diabo
e muitas outras paradas obrigatórias. Cafayate é uma cidade pequena, muita
agradável, conhecida pela produção de vinhos de altitude. Os principais
restaurantes estão na praça central, a famosa RN 40 atravessa esta cidade.
Cafayate – San Miguel de Tucumã (224 km)
Outro trajeto para ir com calma, saímos pela mítica RN 40
margeando as montanhas, se quiser pode visitar a Reserva de Los Quilmes que
fica a cerca de 5 km da Ruta, percurso de rípio. Sai da RN 40 e entra na 307,
asfalto bem ruim com alguns trechos em obras.
Tem trecho de serra, subindo a cerca de 3000 m, linda vista deste ponto.
Passamos por Tafi del Vale e El Mollar. Chegamos a Tucuman no final do dia. A
cidade é grande, uma das maiores da Argentina. Esta foi a última etapa da
viagem.
O restante já foi em clima de retorno, dia seguinte seguimos
para Resistencia no Chaco, quase 800 km e depois Foz do Iguaçu mais 600 km e
finalmente São Paulo.
A viagem foi bem tranquila, não tivemos problemas com
abastecimento nem mecânicos, levei meu tanque de 10 litros por segurança, mas
não precisei usar. Bom levar dinheiro em espécie, muitos postos não aceitam
cartão.